Maria José Rocha Lima*
O Projeto Curta Maria realizou, na última semana, mais quatro jornadas para produção de vídeos sobre a Lei Maria da Penha. Na segunda-feira, no Cedirma, escola da professora Jacira Siqueira, coordenadora geral desta 15ª Edição Especial. Tivemos os Centros de Ensino Médio 01 e 02 de Brazlândia. Nesta última, contamos com as presenças do professor Humberto, coordenador regional de Brazlândia, e da deputada Paula Belmonte, que tornou possível esta edição comemorativa dos 15 anos da Lei Maria da Penha. E a Jornada do Centro de Ensino Médio 05, de Taguatinga, contou com a presença de professores como Carla e da representante da Coordenação Regional de Taguatinga, professora Aline Aires.
Na Jornada do Centro de Ensino Médio 05 de Taguatinga, tivemos ainda a sorte de um encontro extraordinário com o professor e psicanalista Bráulio Gonçalves, representante da direção e coordenador de Projetos, que faz um trabalho semelhante ao nosso, produzindo vídeos sobre violência doméstica.
As jornadas vão ficando cada vez mais cheias de ideias, de luzes, de história, de poesias, de cores e amizades.
Foi muito interessante que a Jornada do Centro de Ensino Médio – 05 de Taguatinga encerrou a semana com “Insights”.
Vínhamos tentando introduzir a questão do desenvolvimento emocional primário, durante a maternagem, papel da família no desenvolvimento da saúde mental, o papel do ambiente familiar na promoção de pessoas confiantes, democráticas, com saúde mental; conversando sobre a necessidade de quebrar o ciclo da violência, não repetindo o que, muitas vezes, foi vivenciado nas famílias conturbadas. Recomendávamos a procura de ajuda psiquiátrica, psicológica, neurológica e psicanalítica, mas, para alguns, isto parecia estar fora do assunto violência doméstica. Desta vez, tive certeza de que faltava um pedaço, primeiro quando um aluno fez uma bela preleção, reforçando-me, sobre os processos químicos, energéticos e afetivos importantes para o bem- estar do bebê no colo da mãe e as consequências na saúde mental. Já tinha observado a advogada criminalista falar sobre a necessidade da família e a cada “novo insight” fui identificando os “gatilhos que os geram” e lacunas a serem supridas.
Daniel Nepomuceno, o mais jovem e brilhante palestrante do Projeto Curta Maria, Bacharel em Direito, aprovado terça – feira passada no exame da OAB/DF, observou a nossa grande inquietação com as falas sobre violência doméstica, que causam muita emoção nos jovens e preocupação, em nós, sobre os possíveis impactos; e necessidade de não só falar da violência, mas ensinar aos jovens formas de reverter esse quadro aterrador de violência nos lares. Ele fechou a semana com um dos grandes ensinamentos da Bíblia (1 Coríntios 13:1-8): “O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem presunçoso. Não é orgulhoso, nem grosseiro. Não exige que as coisas sejam à sua maneira. Não é irritável, nem rancoroso. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. O amor nunca desiste, nunca perde a fé, sempre tem esperança. O amor nunca falha”.
Este ensinamento será mais um dos nossos mantras, para meditação no Projeto Curta Maria – por um mundo sem violência contra mulheres e meninas.
MARIA JOSÉ ROCHA LIMA(ZEZÉ) é mestre em educação e doutora psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Psicanalista e dirigente da ABEPP. Coordenadora do Programa Sonhe Realize do Soroptimist International – SI Brasília Sudoeste