Miguel Lucena
O filósofo Gominho ensinava que reunião com muita gente só terminava em “barui”. Ele gostava de falar em público, se acabava nos comícios, mas dizia que os votos vinham das conversas de pé de orelha.
Um político mais novo desdenhou dos ensinamentos de Gominho, resolveu chamar um monte de gente para uma reunião na Lagoa de São João e contratou um sanfoneiro para animar o pós-encontro.
Enquanto a reunião não começava, o sanfoneiro ficou penicando nas teclas da sanfona, o povo num converseiro atravessado, aquele som de onda e tempestade, uma balbúrdia grande.
Zé de Vigó foi para o meio do povo, deu uma dedada em um galego do Rancho dos Homens e saiu de fininho. O galego enlouqueceu, procurando quem havia feito aquilo, e nunca desvendou a autoria.
A reunião e o forró terminaram cancelados, em decorrência de uma briga generalizada após acusações múltiplas entre os partidários da Arena 2.
Dedada em sanfona, teclado de urna e rabo alheio só dá quem sabe.
Marco Santos