Setor permanece 2,6% abaixo do nível de fevereiro de 2020 e também está 18,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
A produção industrial brasileira cresceu 0,7% em fevereiro, na comparação com janeiro, segundo divulgou nesta sexta-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Esse resultado eliminou parte da queda de 2,2% registrada em janeiro, mas, mesmo com o avanço, o setor permanece 2,6% abaixo do patamar de antes do início da pandemia. Também está 18,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011”, destacou o IBGE.
O IBGE também revisou o resultado de janeiro para uma queda de 2,2%, ante leitura inicial de recuo de 2,4%.
Frente a fevereiro de 2021, a indústria teve queda de 4,3% – a sétima seguida nesta base de comparação.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de aumento de 0,3% na variação mensal e de recuo de 5,2% na base anual.
A indústria acumula queda de 5,8% no ano e crescimento de 2,8% nos últimos doze meses, o que representa uma desaceleração da intensidade do crescimento e da recuperação do setor.
Na média móvel trimestral até fevereiro, a indústria teve crescimento de 0,4%, após avançar 0,2% nos trimestre até janeiro e 0,7% no trimestre até dezembro de 2021.
“Mesmo com essa melhora de comportamento nos últimos meses, o setor industrial ainda está longe de recuperar as perdas mais recentes”, destacou o gerente da pesquisa, André Macedo, destacando que a atividade econômica continua sendo pressionada pelos juros altos, inflação persistente , queda da massa de rendimentos e aumento da inadimplência.
O que puxou a alta no mês
Todas as quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 26 ramos pesquisados tiveram avanço na passagem de janeiro para fevereiro, com destaque para a produção das indústrias extrativas (5,3%) e de produtos alimentícios (2,4%).
“O setor extrativo teve uma queda importante em janeiro (-5,1%), por conta do maior volume de chuvas em Minas Gerais, naquele mês, o que prejudicou a extração do minério de ferro. Com a normalização das chuvas, houve uma regularização da produção”, destacou o gerente da pesquisa.
Já produtos alimentício tiveram o quarto mês seguido de avanço, acumulando no período ganho de 14%, com destaque para a produção de açúcar e carnes e aves.
Outras altas significativas no mês vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (12,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (3,2%), metalurgia (3,3%), bebidas (4,1%), outros equipamentos de transporte (15,1%) e produtos de borracha e de material plástico (2,9%).
Do lado das quedas, os recuos que mais pesaram no índice geral foram em produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,4%).
Perspectivas
A produção industrial fechou 2021 com um avanço de 3,9%, depois de dois anos seguidos de perdas, mas ainda continua sendo impactada pela alta dos preços das matérias-primas, pela falta de insumos e também pela demanda fraca.
O índice de confiança da indústria cai pelo 8º mês seguido em março e atingiu o menor nível desde julho de 2020, segundo mostrou a FGV.
A alta dos juros e inflação persistente têm tirado o poder de compra e de consumo das famílias. A quantidade de endividados e a proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso bateram recorde em março, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Os economistas do mercado financeiro projetam atualmente um avanço de apenas 0,50% do PIB em 2022, bem abaixo da média global, e inflação de 6,86%, segundo o último boletim Focus do Banco Central. Parte dos analistas já veem, no entanto, uma inflação acima de 6% no ano.
Para a taxa básica de juros da economia, atualmente em 11,75% ao ano, os analistas projetam Selic l em 13% ao ano no final de 2022.