Por trás da disputa avaliada em R$ 10 milhões, ataques deixaram rastro de sangue com cinco mortos em duas semanas
Reprodução
Rio de Janeiro – Um contra-ataque do bando de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, 43 anos, à investida de Danilo Dias Lima, o Tandera, 37, é a principal linha de investigação da Polícia Civil sobre o carro queimado no qual estavam dois homens executados com tiros de fuzil, em Santa Cruz, zona oeste, na madrugada de terça-feira (1º/3).
Mortas por três paramilitares, as vítimas estariam sondando a área para mais um suposto ataque de Tandera. O crime é um novo capítulo de uma guerra sangrenta no bairro. Em duas semanas, a região contabiliza, ainda, um homem morto dentro de um bar e a emboscada com mais de 100 tiros que tirou a vida de um miliciano e de sua namorada.
Por trás da disputa de poder, um território que gera lucro mensal de R$ 10 milhões a milicianos. Os rendimentos são por extorquir moradores com exploração de TV a cabo clandestina, cobrança de taxas de “segurança” a comerciantes, além do controle do sistema de vans. Só o transporte resulta no recolhimento de R$ 2 milhões por mês.
O Disque-Denúncia oferece recompensa para informações que levem à prisão de Tandera (esqueda) e Zinho
Carro de miliciano levou mais de 50 tiros em emboscada com mais de 100 disparosReprodução
Vladimir Melgaço Montenegro, o Bibi, é assassinado em emboscada com mais de 100 tiros
Marianna Jaime Costa foi morta em ataque a miliciano com mais de 100 tirosReprodução
A região de Santa Cruz, cobiçada por Tandera, é comandada por Zinho, irmão de Wellington da Silva Braga, o Ecko, que era considerado o maior miliciano do Rio até junho do ano passado, quando morreu em ação policial.
Ex-aliados
Zinho, então, herdou a milícia dos bairros de Santa Cruz, Cosmos, Inhoaíba, Paciência, Campo Grande e Recreio dos Bandeirantes, zona oeste, e Itaguaí, na região metropolitana. Antes de se tornar chefe, ele ocupava o cargo de operador financeiro do grupo e era responsável por recolher o dinheiro dos negócios ilícitos.
Tandera, que chegou a ser homem de confiança de Ecko, virou desafeto em 2020 e passou a comandar seu próprio bando, principalmente na Baixada Fluminense.
Hoje, ele lidera um exército de milicianos nos municípios de Queimados e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e Seropédica, região metropolitana, com ganhos entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões por mês, segundo investigações da polícia.
A nova explosão de violência entre os rivais ganhou força no dia 19 de fevereiro, quando Vladimir Melgaço Montenegro, o Bibi, homem de Zinho, e sua namorada, Marianna Jaime da Costa, foram assassinados.
Tandera é o principal investigado, mas a polícia não descarta que Zinho, por problemas internos na quadrilha, tenha eliminado o então aliado para incriminar o rival.
Em setembro do ano passado, a dupla de milicianos já havia travado uma batalha sangrenta. Vans foram queimadas em Santa Cruz e Paciência por ordem de Tandera em represália à morte de dois aliados em Nova Iguaçu. Houve pelo menos seis assassinatos em um intervalo de seis dias, todos relacionados à disputa.
Os dois são foragidos da Justiça. Tandera tem três mandados de prisão por extorsão e organização criminosa. Zinho também tem três mandados de prisão por porte ilegal e associação criminosa.
O Disque-Denúncia oferece recompensa por informações que levem à prisão dos dois. No caso de Tandera, a recompensa é de R$ 5 mil, e no de Zinho o valor estipulado é R$ 1 mil.