Técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) realizam vistorias para avaliar o impacto das chuvas para o patrimônio cultural
CRISTINA CAMARGO
A Casa da Princesa Isabel e o Palácio Rio Negro estão entre os prédios históricos de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, afetados pelo forte temporal que atingiu a cidade na tarde de terça-feira (15), deixou mais de 100 pessoas mortas e dezenas de desaparecidos.
Técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) realizam vistorias para avaliar o impacto das chuvas para o patrimônio cultural.
A Casa da Princesa Isabel, às margens do rio Quitandinha, é o bem histórico que sofreu mais estragos aparentes. Um muro caiu e atingiu uma exposição sobre a colonização germânica na cidade. Levado pela correnteza da inundação, um carro invadiu o jardim da casa.
O piso térreo do Palácio Rio Negro, no Centro Histórico, foi inundado e deslizamentos chegaram a atingir a parte superior do terreno, mas sem provocar danos ao prédio principal. Após o temporal, funcionários passaram a noite no piso superior do Palácio, impedidos de sair por causa da inundação e dos deslizamentos na cidade.
Funcionários do Museu Imperial também ficaram ilhados, mas o local não sofreu danos, segundo o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), que administra o espaço.
Fundada por Dom Pedro 2º, Petrópolis é definida pelo Iphan como “um museu a céu aberto” que atrai turistas do mundo todo.
O Palácio Imperial, onde fica o Museu Imperial, começou a ser construído em 1845 e foi a residência preferida de Dom Pedro 2º. Ali estão objetos que representam o primeiro e o segundo reinados da família imperial no Brasil, como móveis, pinturas, esculturas, prataria, porcelanas, cristais e até mesmo coroas. O palácio é tombado pelo Iphan.
O Palácio Rio Negro, antiga residência de verão de presidentes da República, teve Getúlio Vargas como seu hóspede mais frequente. O local foi sede do governo estadual de 1896 a 1903.
O palacete que pertenceu à princesa Isabel e ao Conde D´Eu foi comprado em 1854 do barão de Pilar, um fazendeiro e negociante. Na varanda da casa teria sido feita a última foto da família imperial no Brasil, antes do exílio.
Entre outros bens históricos e culturais da cidade estão a Casa de Santos Dumont, chalé utilizado para veraneio e cheio de detalhes que mostram a criatividade do inventor brasileiro, como a escada em ziguezague e os móveis embutidos; e o Palácio de Cristal, um pavilhão de exposições construído na França por encomenda do Conde D´Eu. Esses imóveis também não sofreram danos.
Em entrevista à Folha, João Henrique de Orleans e Bragança, herdeiro da família real, contou sobre os verões que passava em Petrópolis na adolescência.
“[Me] Lembro dos bailes de Carnaval. Tínhamos um grupo que andava de bicicleta chamado Amarelinho. Nossas sete bicicletas eram amarelas e terminávamos o passeio na sorveteria Central, onde havia sorvete de queijo, coisa que não se via no Rio. Era o despertar da paquera”, disse. (JBr)