Declaração foi dada durante reunião da Anvisa para avaliar o uso da vacina Coronavac em crianças de 3 a 17 anos de idade
O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres criticou, nesta quinta-feira (20/1), a disseminação de fake news sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19. De acordo com o militar, o compartilhamento de notícias falsas é “criminoso”.
As declarações foram dadas durante a reunião da Diretoria Colegiada da agência para avaliar o uso da vacina Coronavac em crianças de 3 a 17 anos de idade.
No discurso de abertura da reunião, Barra Torres citou um aumento de 71% na ocupação de leitos pediátricos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em São Paulo. O gestor também comentou o crescimento das hospitalizações motivadas pela variante Ômicron do coronavírus.
“Em meio a um cenário que aponta claramente para o avanço da variante Ômicron, ainda há pessoas dizendo que pandemia está acabando, que a chegada da variante sinaliza o fim da pandemia. Os números não mostram isso. É criminoso buscar difundir mentiras através das novidades mentirosas, do inglês fake news”, afirmou.
Barra Torres afirmou que “não é razoável” levar informações falsas a pessoas que não têm acesso a dados reais.
“Isso não é razoável, não é razoável levar esse tipo de informação a inúmeras pessoas que, por vezes, não têm acesso ou não têm tempo para acessar os canais de informação, porque estão na luta pela vida, pela sobrevivência. Gostaria de saber o que as pessoas disseminadoras de fake news vão fazer com o número de mais de 70% crianças na UTI. Não vão noticiar isso aí, porque não interessa ao disseminador de fake news”, concluiu.
O discurso de Barra Torres é uma resposta às declarações falsas dadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na quarta-feira (19/1) sobre a Covid-19. Bolsonaro voltou a falar que a vacinação de crianças “não se justifica”, pois, segundo ele, o índice de mortes de crianças para a Covid não é grande.
“Não vivemos um momento de doenças em crianças que estariam sendo internadas, que estariam sendo entubadas, ou até perdendo a vida, que justificasse essa forma de vacinar as crianças com, inclusive, vacinas não recomendadas, não aprovadas por ninguém”, disse o presidente.
Apesar da declaração, o Brasil registrou 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos em decorrência do coronavírus desde o início da pandemia até o dia 6 de dezembro.
Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias, segundo dados da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19. Esse é o grupo etário para o qual a Anvisa aprovou a aplicação do imunizante da Pfizer na última semana.
O presidente também afirmou, de forma errônea, que “a melhor vacina contra a Covid é a própria contaminação”. “Para que eu vou tomar vacina se já peguei Covid?”, disse.