No entanto, a letalidade da nova variante só é menor por causa do avanço da vacinação contra a Covid-19
Sem citar dados ou nomes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a nova variante Ômicron, da Covid-19, “não tem matado ninguém” e que ela é “bem-vinda” no Brasil, “segundo pessoas estudiosas”. O comentário foi feito pelo chefe do Executivo federal enquanto concedia entrevista à Gazeta Brasil, na manhã desta quarta-feira (12/1).
Bolsonaro ainda minimizou a primeira morte por Ômicron registrada no Brasil. De acordo com ele, o homem que morreu pela variante em Goiás “já tinha problemas seríssimos, em especial nos pulmões”.
“A Ômicron não tem matado ninguém. O que morreu aqui em Goiás não foi de Ômicron… Com Ômicron… Na verdade, ele foi com Ômicron, e não de Ômicron. Ele já tinha problemas seríssimos, em especial nos pulmões. E acabou falecendo”, justificou Bolsonaro.
A Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia, município da região metropolitana da capital goiana, confirmou, na última quinta-feira (6/1), o primeiro óbito pela nova variante do coronavírus. O registro foi feito por meio de sequenciamento genômico e, segundo a pasta, foi o primeiro do Brasil.
A vítima da doença foi um homem de 68 anos, portador de doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial. Ele estava internado em uma unidade hospitalar. O paciente era contactante de um caso que a pasta já havia confirmado como infecção pela variante. O homem estava vacinado com três doses.
“A Ômicron, que já espalhou pelo mundo todo, como as próprias pessoas que entendem de verdade dizem, deve ter uma capacidade de se divulgar, de se difundir muito grande, mas de letalidade muito pequena. Dizem até que seria um vírus vacinal. Deveria até, segundo algumas pessoas estudiosas sérias e não vinculadas a farmacêuticas, né, dizem que a Ômicron é bem-vinda e pode, sim, sinalizar o fim da pandemia”, declarou Bolsonaro.
Variante X vacina
Apesar do esforço de Bolsonaro em tentar minimizar a variante Ômicron, a letalidade só parece ser menor graças à vacinação da população, o que o presidente não expressa.
Uma análise realizada a partir de modelos criados pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM), publicada no último sábado (12/12), mostra que duas doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19 forneceriam 83,7% de proteção contra hospitalizações e mortes de pessoas infectadas pela variante.
Já em relação à AstraZeneca, a previsão é que a redução do risco de doença grave seria de 77,1%. Além disso, com a dose de reforço da Pfizer, cientistas calcularam aumento da imunidade contra hospitalizações e mortes em mais de 93%. As estimativas foram baseadas em estudos de anticorpos neutralizantes que testam a Ômicron em sangue de pessoas vacinadas.
Porém, os resultados apontam para uma diminuição, dentro do intervalo de três a seis meses, de 61,3% na eficácia geral da AstraZeneca e de 67,6% no caso da Pfizer. A pesquisa indicou ainda que, após seis meses, a proteção da AstraZeneca contra os sintomas da variante Ômicron cai para apenas 36,1%. Com a Pfizer, o número fica em 46,7%.
Nesta quarta-feira (12/1), o Instituto Butantan também informou que as duas doses da vacina Coronavac neutralizam a variante Ômicron, segundo a CNN Brasil. O anúncio vem graças à publicação do ensaio de neutralização da Ômicron pela Coronavac, na segunda-feira (10/1), no periódico científico Emerging Microbes & Infections.
O estudo foi conduzido por pesquisadores chineses da Universidade Fudan e da Universidade de Medicina Tracional Chinesa, em Xangai, da Universidade Jinan, em Guangdong, e da Universidade de Hong Kong e concluiu que a capacidade da Coronavac de neutralizar a Ômicron é igual ou superior à da vacina da Pfizer. (Metrópoles)