Acolhimento é feito por profissionais das unidades básicas de saúde, que encaminham crianças e adolescentes para especialistas. Equipe multidisciplinar estende atendimento para toda família.
Crianças e adolescentes que apresentam quadro de obesidade podem ter tratamento gratuito e especializado na rede pública de saúde do Distrito Federal. O primeiro passo para conseguir atendimento é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais perto do local onde a família mora (veja mais detalhes abaixo).
Nas UBSs é feito o chamado acolhimento. As crianças e adolescentes são atendidos por um médico da família ou pediatra, e, depois, encaminhados para uma consulta com o endocrinologista pediátrico.
Segundo a Secretaria de Saúde, cerca de 250 crianças e adolescentes fazem acompanhamento em ambulatórios de endocrinologia na rede pública de saúde atualmente. O trabalho se estende às famílias para que os hábitos de alimentação mudem em casa.
A obesidade infantil pode ser provocada por diversos fatores, que são avaliados por uma equipe multidisciplinar. Segundo a Saúde, uma das maiores preocupações é que o problema desencadeie outras doenças que podem permanecer para a vida toda, como hipertensão e diabetes.
Segundo Eliziane Leite, da Referência Técnica Distrital de Endocrinologia e Diabetes, a obesidade e o sobrepeso atingem cerca de 20% das crianças e adolescentes.
“Hoje estão em acompanhamento na Secretaria de Saúde adolescentes com altos índices de massa corporal. É uma situação preocupante, pois afeta vários aspectos da saúde física e mental desse público em particular”, diz a médica.
Além dos ambulatórios, os pacientes também podem contar com o atendimento das equipes de saúde da família. Nos postos de saúde é realizado o atendimento primário e acompanhamento nutricional. Após a avaliação, a criança ou adolescente pode ser encaminhado para um centro especializado, de acordo com a necessidade.
Veja os hospitais que fazem parte da rede de atendimento para crianças e adolescentes com obesidade no DF:
- Hospital Regional de Taguatinga (HRT)
- Hospital Regional de Sobradinho (HRS)
- Hospital Regional do Gama (HRG)
- Hospital Regional de Ceilândia (HRC)
- Hospital da Região Leste (HRL)
- Hospital da Criança de Brasília (HCB)
- Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh), na Asa Norte.
Tratamento e acompanhamento
Na rede pública, as crianças e adolescentes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar composta por endocrinologista pediátrica, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, assistente social e profissionais da enfermagem.
O tratamento é semelhante ao dos adultos, e passa por cinco fases:
- Consulta com endocrinologista
- Acolhimento por meio de um aplicativo
- Oficinas educativas online semanais
- Atendimento individual
- Oficinas de manutenção, além da alta para continuar o tratamento com o endocrinologista pediatra
Acolhimento para toda a família
De acordo com Alexandra Rubim, endocrinologista e gerente do Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh), desde 2019, 49 famílias de crianças que fazem tratamento na unidade já foram atendidas, além de 42 de adolescentes.
“As famílias dessas crianças e adolescentes recebem o nosso acolhimento e também participam do acompanhamento, pois são parte essencial para o sucesso do tratamento, já que todos em casa devem mudar os hábitos alimentares e de vida”, diz a endocrinologista.
A gerente do Cedoh esclarece que, durante o tratamento, é esperada uma média de 50% de desistência dos pacientes. No caso dos adolescentes, a endocrinologista explica que a taxa, às vezes, é até maior.
“A adolescência é a fase mais difícil dos pais controlarem, pois eles têm mais liberdade para saírem. Às vezes tem o preconceito na escola por parte dos colegas, a vergonha de falar do tratamento, a relutância em tomar os medicamentos necessários. Além disso, muitos fogem da dieta quando estão sozinhos”, diz Alexandra.
Segundo dados da Secretaria de Saúde, em 2021, 39 crianças começaram o tratamento contra a obesidade, mas somente 20 continuaram. Já entre os adolescentes, dos 26 que iniciaram o acompanhamento, apenas 12 seguiram.
Como calcular os níveis de obesidade?
A obesidade é um fator de risco para doenças cardiovasculares, distúrbios musculoesqueléticos e câncer, além de acarretar problemas psicológicos, como baixa autoestima e ansiedade.
O critério para saber se uma pessoa é obesa, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o Índice de Massa Corporal (IMC). Para calcular o índice, é preciso dividir o peso, em quilos, pelo quadrado da altura, em metros: IMC = peso (massa) / altura2.
O resultado mostra quatro estágios:
- Excesso de peso: IMC igual ou superior a 25 kg/m²
- Obesidade grau 1: IMC maior que 30 kg/m² e menor que 35 kg/m²
- Obesidade grau 2: IMC maior que 35 kg/m² e menor que 40 kg/m²
- Obesidade de grau 3 / ou obesidade mórbida: IMC maior que 40 kg/m²
Exemplo: a pessoa que pesa 100 quilos e mede 1,60 m de altura tem que dividir 100 por 1,6 X 1,6 = o resultado é 39, ou seja, obesidade grau 2.