Depois de analisar milhões de cocólitos no fundo do oceano, pesquisadores franceses descobriram uma relação entre seu crescimento e os períodos em que a órbita da Terra era mais ou menos excêntrica.
Variações na órbita da Terra influenciaram a evolução dos cocolitóforos, algas microscópicas que formam minúsculas placas de calcário, chamadas cocólitos, em torno de suas células individuais.
Após sua morte, os cocolitóforos afundam no oceano e seus cocólitos se acumulam em sedimentos, que registram fielmente a evolução desses organismos ao longo do tempo geológico.
Em um estudo publicado no dia 1° de dezembro na revista Nature por uma equipe de pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS), concluiu-se que os cocólitos experimentaram ciclos de maior e menor diversidade em tamanho e forma, com oscilações de 100 e 400 mil anos. Depois de analisar cuidadosamente esses padrões, os pesquisadores propuseram uma causa: a forma mais ou menos circular da órbita da Terra em torno do Sol, que varia nas mesmas oscilações.
Tipos de órbita terrestre
Os autores do trabalho mediram e classificaram nada menos que 9 milhões de cocólitos, que abrangem um intervalo de 2,8 milhões de anos, em vários locais no oceano tropical, usando técnicas de microscópio automatizado e inteligência artificial.
Os cientistas descobriram que quando a órbita terrestre é mais circular (como na atualidade, conhecida como baixa excentricidade), as regiões equatoriais apresentam pouca variação sazonal e as espécies não especializadas dominam todos os oceanos. Em vez disso, conforme a excentricidade orbital aumenta e as estações mais pronunciadas aparecem próximo do equador, as espécies se diversificam e influenciam no ciclo do carbono e na determinação da química dos oceanos.
Devemos lembrar que a órbita terrestre não é perfeitamente circular, mas sim descreve uma elipse de grande excentricidade ao redor do Sol. A variação máxima da distância ao centro que marca a órbita terrestre é de apenas 1,39%.
Grandes produtores de rocha calcária
Devido à sua abundância e distribuição global, esses organismos são responsáveis por metade do calcário (carbonato de cálcio, parcialmente composto de carbono) produzido nos oceanos e, portanto, desempenham um papel importante no ciclo del carbono e na determinação da química dos oceanos.
As evidências desse novo trabalho indicam que a diversidade e a produção de cocolitóforos evoluíram sob a influência da excentricidade orbital da Terra, que determina a intensidade das variações sazonais próximas ao equador. Além disso, nenhuma ligação foi encontrada com o volume ou a temperatura global do gelo. Isso aponta claramente para o fato de que não foi a mudança climática global que ditou a evolução das microalgas, mas talvez o contrário em certos períodos.
Os autores concluem que é provável que os padrões cíclicos de abundância desses produtores de calcário tenham desempenhado um papel fundamental em climas antigos e podem explicar, até agora, misteriosas variações climáticas em períodos quentes anteriores.
Fonte: Tempo.com*