Vinte e um cientistas escolhidos para receber a medalha de Ordem ao Mérito Científico renunciaram à indicação depois que o presidente Jair Bolsonaro revogou a homenagem a dois outros pesquisadores responsáveis por trabalhos que desagradaram ao governo.
Vinte e um cientistas escolhidos para receber a medalha de Ordem do Mérito Científico renunciaram à indicação depois que o presidente Jair Bolsonaro revogou a homenagem a dois outros pesquisadores. Os dois foram responsáveis por trabalhos que desagradaram ao governo.
A Ordem Nacional do Mérito Científico é concedida a profissionais que prestaram relevantes contribuições à Ciência.
A carta aberta foi divulgada em protesto contra a revogação feita nesta sexta-feira (5) pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele cancelou as comendas que tinham sido dadas nesta quarta-feira (3) ao médico e pesquisador Marcus Vinícius Guimarães Lacerda e à diretora da Fiocruz Amazônia Adele Schwartz Benzaken.
A carta de renúncia coletiva, feita e solidariedade a esses dois cientistas, diz:
“A homenagem oferecida por um governo federal que não apenas ignora a ciência, mas ativamente boicota as recomendações da epidemiologia e da saúde coletiva, não é condizente com nossas trajetórias científicas. Em solidariedade aos colegas que foram sumariamente excluídos da lista de agraciados, e condizentes com nossa postura ética, renunciamos coletivamente a essa indicação”.
Ainda na carta, os cientistas expressam indignação frente ao processo da destruição do sistema universitário e da Ciência e Tecnologia.
O médico Marcus Vinícius Lacerda foi responsável por um dos primeiros estudos que apontaram a ineficácia da coloroquina no tratamento da Covid-19. Já Adele Benzaken foi demitida do cargo de diretora do Departamento HIV/Aids no Ministério da Saúde, no começo do governo Bolsonaro. Ela tinha acabado de publicar uma cartilha sobre a prevenção de doenças para homens trans.
O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, também criticou duramente a revogação das comendas pelo presidente Bolsonaro.
“É um expurgo político desses que a gente ouviu falar em regimes totalitários, no século XX, e nós devemos condená-lo. Essa atitude dos pesquisadores que recusaram a Ordem Nacional do Mérito Científico, eu entendo perfeitamente. É uma atitude ética, de protesto, contra essa discriminação. E acho que é preciso reagir contra esses atos autoritários, porque eles podem evoluir, isso pode ser uma escalada e é preciso reagir a isso em nome da democracia.”
O Palácio do Planalto não respondeu ao conato do Jornal Nacional para comentar a carta.
Fonte: Jornal Nacional/TV Globo