O objeto da Roma Antiga conhecido como “Cálice de Licurgo”, que está atualmente no Museu Britânico e tem mais de 1.600 anos de história, é conhecido por uma peculiaridade: quando é iluminado pela frente, tem a cor verde jade. Quando iluminado por trás, parece ser vermelho sangue. A história sobre a revelação da “mágica” do cálice que muda de cor foi publicada na edição de setembro da revista “Smithsonian”.
O mistério só foi revelado em 1990, quando pesquisadores analisaram em microscópio pequenos fragmentos quebrados do vidro. Eles descobriram que o vidro continha partículas de prata e de ouro tão pequenas que seria preciso mil delas para alcançar o diâmetro de um grão de sal refinado. As partículas tinham, mais precisamente, 50 nanômetros de diâmetro, o que faz dos antigos romanos os pioneiros da nanotecnologia.
Quando a luz bate no vidro, os elétrons dos metais ali contidos vibram de maneira que alteram a cor dependendo da posição do observador. Pesquisadores imaginaram que, quando a taça estava cheia de líquido, isso alteraria a interação dos elétrons e também a cor do vidro.
Como não era possível encher a relíquia com líquido para realizar experiências, cientistas procederam da seguinte forma: fizeram pequeno furinhos em uma plataforma de plástico do tamanho de um selo de carta e espalharam pelos furinhos nanopartículas de ouro e prata, assim como os antigos romanos haviam feito no vidro do cálice.
Quando soluções de água, óleo ou açúcar eram derramadas nos furinhos, eles apresentavam uma gama de cores de fácil distinção – verde claro para água e vermelho para óleo, por exemplo.
O mesmo tipo de tecnologia que os romanos aprenderam a utilizar para fazer arte é utilizada, hoje em dia, na área da saúde. Testes de gravidez caseiros, que envolvem uma reação de mudança de cor, por exemplo, utilizam princípios similares.
O cálice, que foi adquirido pelo Museu Britânico na década de 1950, tem esse nome porque retrata uma cena da vida do rei Licurgo da Trácia.