Miguezim de Princesa
I
A política é um teatro
De farta argumentação:
Muitas palavras bonitas
Para causar comoção,
Ganha quem for mais ligeiro
– O meu pirão vem primeiro! -.
Quem quiser que queime a mão.
II
Na hora em que está com fome,
Come farinha e feijão,
Sorri e fala baixinho,
Abraça e dá apertão,
Mas depois fica arrogante,
Até muda de semblante,
Quem quiser que queime a mão.
III
– Me acuda que eu tô morrendo,
Corre que eu tô me afogando! –.
Quando cheira à beira d´água,
Vê o risco se afastando,
Já esfria a relação,
Quem quiser que queime a mão,
Em um e outro apostando.
IV
O povo fica brigando,
Quando é tempo de eleição,
O rosário de promessas
Se perde na imensidão,
Depois vem homem e mulher
Com a boca de fecho-ecler,
Quem quiser que queime a mão.
V
Um vivia me procurando,
Até era ciumento,
Depois desapareceu
E agora nesse momento
Me mandou o zap dele,
Mas eu preparei pra ele
A chibata do jumento.